quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Agua Viva

À sombra do abacateiro, nos anos 80, em Uberaba, Minas Gerais, todos os sábados, Chico Xavier se reunia com as pessoas que iam até lá para receber alimentos, distribuídos por Chico e participar do estudo do Evangelho segundo o Espiritismo.

As pessoas iam chegando, timidamente, e colocavam garrafas com água sobre uma mesa simples que havia no local, para que fossem fluidificadas pelo amoroso médium na hora da prece.

Maravilhadas, muitas destas pessoas viam as águas borbulhar dentro dos vasilhames, como se algum tipo de gás invisível tivesse sido colocado, mesmo naqueles muito bem fechados. Cintilações prateadas e reflexos  arco - irisados também podiam ser vistos movimentando-se em espirais dentro das águas, que, depois de fluidificadas, eram levadas para doentes e necessitados de todas a partes do Brasil.

Um amigo espírita muito querido que estivera por lá, levando suas garrafas, deixou uma delas dentro de um armário de seu escritório que não costumava abrir e ela ficou por lá mais de um ano, esquecida.

Certa manhã encontrei  esse amigo  em sua livraria e  ele,maravilhado, trouxe a garrafa para mim.

Na certeza de que o precioso líquido havia se perdido por conta do longo tempo esquecido, abriu a garrafa para jogar a água apodrecida fora. Mas quando a rolha saiu, a água velha exalou inebriante odor de rosas recém – colhidas.

 Emocionado, olhos afogados em lágrimas, ele repetiu o gesto para mim e então foi minha vez de ficar maravilhada diante do fenômeno inexplicável da água de Chico.

Sem palavras, engasgada de tanta emoção,lembrei imediatamente do Mestre  Divino falando á samaritana que lhe dera de beber água do poço:
 “ Quem beber desta água terá sede de novo. Mas àquele que pedir de beber ao Pai,  Ele saciará a sede com água viva.”

Recuperando – nos   daquela intensa emoção, resolvemos beber da água de Chico, que ainda exalava o doce perfume de rosas trazido ao médium pelo espírito de Sheila há um ano. Bebemos não mais do que algumas gotas, num pequeno copo descartável. Imediatamente me  senti saciada, leve, corpo e alma energizados.

Por mais de 20 horas guardei o doce sabor da água de Chico na boca. Meu hálito cheirava a rosas e não tive, durante o tempo que durou esta celestial sensação, necessidade de comer ou beber.

Nem tristeza, aflição ou preocupação com os naturais problemas da vida apareceram nos horizontes de minha alma durante esses inesquecíveis momentos.

Cansaço, dores físicas, mal estar... também não senti.
Nesse dia vivi em plenitude, física e espiritualmente, a experiência descrita na prece de Cáritas:

  “Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas  fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão.”

Felizes aqueles que puderam, doce e luminoso irmão maior Chico Xavier, como eu, receber de tuas luminosas e amorosas mãos, os benefícios de tua incansável caridade.